terça-feira, 23 de setembro de 2014

Muros que falam

Painel do artista urbano Grud coberto por propaganda política. Imagem disponível no perfil do artista no Facebook.
Pesquisadora: Alessandra Oliveira
Orientadora: Ercília Braga
Banca de qualificação: Cavalcante Júnior e Glória Diógenes

A pesquisa de doutorado Muros que Falam está ligada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFC, teve início em 2013 e consiste em investigar o graffiti e a cidade de Fortaleza sob três dimensões, descritas a seguir:

A primeira dimensão consiste em pesquisar se os artistas urbanos usam o graffiti para biografar-se e se o graffiti pode se percebido como uma experiência formadora. Para isto, vou trabalhar com a abordagem metodológica da pesquisa (auto)biográfica, respaldada em autores como Josso (2004), Ferrarotti (1988) e Dolory-Momberger (2008). Usarei o procedimento de pesquisa intitulado entrevista narrativa, com base em Jovchelovitch e Bauer (2005), com artistas urbanos da cidade de Fortaleza.

A segunda dimensão desse trabalho será a pesquisa de campo, com o objetivo de perceber como os graffitis são incorporados na dinâmica da cidade. Nesta etapa, serão escolhidos três pontos da cidade em que existem painéis dos grafiteiros pesquisados e será feita uma pesquisa etnográfica que irá observar, durante um semestre, as alterações nos painéis e a relação dos transeuntes com os graffitis. Interessa aqui fazer uma discussão sobre a cidade como campo comunicacional, tomando como referência autores como Campos (2010) e Samain (2012), onde histórias se intercruzam e formam uma narrativa urbana.

A terceira dimensão da pesquisa é perceber como as produções dos grafiteiros analisados encontram desdobramentos na internet, criando conexões com outros artistas urbanos de outras cidades, complexificando as tramas que envolvem a produção do graffiti, e como o ciberespaço pode servir como prolongamento do tempo de vida das obras urbanas. Aqui a questão da narrativa no espaço virtual, como os grafiteiros usam as redes sociais para biografar-se e como o ciberespaço amplia as redes de conexão, assim como explica a teoria do ator-rede, serão investigados com base em autores como Latour (2012). 


Referências
CAMPOS, Ricardo. Porque Pintamos a Cidade? Uma Abordagem Etnográfica ao Graffiti Urbano. Lisboa: Fim de Século, 2010.
DELORY-MOMBERGER, Christine. Tradução de Maria da Conceição Passeggi, João Gomes da Silva Neto, Luis Passeggi. Biografia e educação: figuras do indivíduo-projeto. Natal: EDUFRN, São Paulo: PAULUS, 2008.
FERRAROTTI, Franco. Sobre a autonomia do método biográfico. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (Org.) O método (auto)biográfico e a formação: Cadernos de Formação, n. 1, 1988.
JOSSO, Marie-Christine; tradução José Cláudio e Júlia Ferreira. Experiência de Vida e Formação. São Paulo: Cortez, 2004.
JOVCHELOVITCH, Sandra.; BAUER, Martin W.. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W. GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Tradução: Pedrinho Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. EDUFBA, Salvador, 2012.
SAMAIN, Etienne. (org.) Como pensam as imagens. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2012.

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