terça-feira, 25 de novembro de 2014

Projeto cheirando à tinta

Ao terminar o projeto fiquei com aquela sensação de que estava só começando. No doutorado em Educação, passamos por duas qualificações para só depois defender a tese, estou no primeiro passo, dado dentro do tempo e, espero, no tempo certo.


Customizei a capa com umas formas geométricas, usando a técnica do stencil 









Cada cópia que entregarei aos avaliadores tem um giz de cera com cores diferentes para que se sintam convidados a intervir.

Depois das contribuições da banca, postarei os objetivos e os referenciais teóricos aqui no blog.





Coloquei uma mensagem invisível no verso da capa. Será que a banca vai descobrir? A palavra foi escrita com vela e é revelada ao pintarmos a página com giz. Depois mostro aqui.







Estão tod@s convidad@s! Ansiedade define. ü

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Referências sobre cidade e iconografia urbana

Ilustração de Dmitry Ligay.


Levantamento feito por Tarcísio Bezerra para o grupo de pesquisa Jucom.

Estado da arte | Cidade, Espaço e Relações sociocultarais

AUGE, Marc. Não – lugares. Introdução a uma antropologia da Supermodernidade. Campinas: Papirus, 1994.
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas vol. II: rua de mão única. São Paulo: Brasiliense,
1987.
_______. Obras escolhidas vol. III: Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. São
Paulo: Brasiliense, 1994.
CAIAFA, Janice. Aventura das cidades. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
LE GOFF, Jacques. Por amor às cidades: conversações com Jean Lebrun. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.
HARVEY, David. A liberdade da cidade. Revista GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo, n. 26, pp. 9-17, 2009. 2009.
MAGNANI, José Guilherme. TORRES, Lilian de Lucca (Orgs.). Na metrópole: textos de antropologia urbana. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Fapesp, 2008.
MUMFORD, Lewis. Court, Parade and Capital. In: _______. The culture of cities. New York: Harcourt, Brace and Company, 1936.
_______. The city in history. New York: Harverst Book Harcourt,1961.
SENNETT, Richard. The fall of public man. New York: Penguin Books, 2002. _______. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2011.
SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, Otávio Guilherme. O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.
WIRTH, Louis. O urbanismo como modo de vida. In: VELHO, Otávio Guilherme. O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.


Estado da Arte | Iconografia Urbana

BOYER, M. C. The City of Collective Memory. Its Historical Imagery and Architectural Entertainments. Cambridge Mass.: MIT Press, 1994.
CANEVACCI, Massimo. A cidade polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana. São Paulo: Studio Nobel, 1993.
_______. Metrópole comunicacional. Revista USP. São Paulo, n. 63, pp. 110-125, set./nov. 2004.
COSGROVE, Denis e DANIELS, Stephen (eds.). The Iconography of Landscape. Essays on the Symbolic Representation, Design and Use of Past Environments. Cambridge, Cambridge University Press, 1988.
FARIAS, Agnaldo. Arte Brasileira Hoje. São Paulo: Publifolha, 2002. [Coleção Folha explica].
FABRIS, Annateresa. Fragmentos urbanos: representações culturais. São Paulo: Studio Nobel, 2000.
FREITAS, Ricardo. Comunicação, consumo e lazer: o caso da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro. In: _______; NACIF, Rafael (Orgs.). Destinos da cidade: comunicação, arte e cultura. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2005.
GALARD, Jean. O olhar distante In: AGUILLAR, Nelson (org.). Mostra do descobrimento: o olhar distanno texto só consta a data de te - the distant view. Fundação bienal de São PAulo. São Paulo: Associação Brasil 500 anos artes visuais, 2000.
GINSBURG, Carlo. Olhos de Madeira – nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
GOMBRICH, E.H. Arte e ilusão. Um estudo da psicologia da representação pictórica. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
GOMBRICH, E.H. Meditações sobre um cavalinho de pau. S.P: Edusp,1999
GUATTARI, Felix. Caosmose – um novo paradigma estético, Rio de Janeiro, Editora 34, 1992.
LEVY, Carlos Roberto Maciel et alii. Iconografia e Paisagem. Coleção Cultura Inglesa/Iconography and Landscape. Cultura Inglesa Collection. Rio de Janeiro, Edições Pinakotheke, 1994.
MENEZES, U. T. B. Morfologia das cidades brasileiras – introdução ao estudo histórico da iconografia urbana. In: Revista USP/SP. N.30, jun/ago, 1996.
PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens urbanas. São Paulo: FAPESP; SENAC; Marco D’Água, 1998. SILVA, Armando. Cidades desencantadas. Folha de São Paulo. Caderno Mais! P.14 domingo, 7 de abril de 2002.
RHADE, Maria Beatriz Furtado. Comunicação visual e imaginários culturais iconográficos do contemporâneo. In: Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós) – S/N. abr, 2006
RODWIN, Lloyd e HOLLISTER, Robert M. (eds.). Cities of the Mind. Images and Themes of the City in the Social Sciences. New York, Plenum Press, 1989.

SHARPE, William e WALLOCK, Leonard (eds.). Visions of the Modern City. Essays in History, Art and Literature. Baltimore, The Johns Hopkins University Press, 1987.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Referências sobre Graffiti e Pichação

Jean Michel Basquiat, considerado um dos primeiros grafiteiros.



Estado da Arte das categorias "graffiti" e "pichação".
Levantamento feito para o grupo de pesquisa Jucom.

ARCE, José Manuel Valenzuela. Vida de barro duro: cultura popular juvenil e grafite. Rio de aneiro: UFRJ, 1999.
CAVAN, Sherri. "The Great Graffiti Wars of the Late 20th Century". Paper presented at the acific Sociological Association, 1995. Disponível em: http://www.graffiti.org/faq/greatgraffitiwars.html. Acesso em 17 de julho de 2006.
GANZ, Nicholas. O mundo do grafite: arte urbana dos cincos continentes. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
GITAHY, Celso. O que é graffiti. São Paulo: Editora Brasiliense, 1999.
KNAUSS, Paulo. Grafite urbano contemporâneo. In: TORRES, Sônia (org.). Raízes e rumos. Rio de Janeiro: Sete letras: 2001, p.334-353.
LARA, Arthur H. Arte urbana em movimento. São Paulo: 1996. Dissertação de Mestrado (Departamento de Comunicação e Artes) ECA – USP. Disponível em: www.artgaragem.com.br/grafite/paginas/textosteses.htm. Acessado em 05 de maio de 2005.
MACHADO, Maria Berenice da Costa. Abaixo a ditadura da mídia: Pichações e grafites e as tensões políticas da sociedade porto-alegrense em 2004. In: ALAIC, Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación, 7., 2004, La Plata. CD Ponencias.
La Plata: Facultad de Periodismo y Comunicación Social de La Plata, 2004.
MAZETTI, Henrique Moreira. Intervenção urbana: representação e subjetivação na cidade. In: Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Brasília: UNB, 2006.
MUNHOZ, Daniella Rosito Michelena. Graffiti: uma etnografia dos atores da escrita urbana de curitiba. Curitiba, 2003, 175 p. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social – Universidade Federal do Paraná.
PAULI, Cristina. Grafittis: los jóvenes se adueñan de las diagonales. In: ALAIC, Congreso Latinoamericano de Investigadores de la Comunicación, 7., 2004, La Plata. CD Ponencias. La Plata: Facultad de Periodismo y Comunicación Social de La Plata, 2004.
POATO, Sérgio (ed.). O graffiti na cidade de São Paulo e suas vertentes no Brasil: estéticas e estilos. São Paulo: Instituto de psicologia da Universidade de São Paulo. Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e Memória. Laboratório de Estudos do Imaginário, 2006.
RAMOS, Célia Maria Anotonacci. Grafite, Pichação & cia. São Paulo: Annablume, 1994.
SILVA-E-SILVA, William. Graffitis em mpultiplas facetas: definições e leituras iconográficas. São Paula: Annablume, 2011.
SODRÉ, Rachel Fontes. Tintas nos muros: um estudo sobre a produção de grafite do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Comunicação, 2008.
TOBIN, Killian. A Modern Perspective on Graffiti. Art Crimes, 1995. Disponível em : http://www.graffiti.org/faq/tobin.html . Acessado 17/07/2006.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Referências sobre juventude

Imagem de Cartier Bresson

Estado da arte da categoria "juventude"

O levantamento feito por mim, Alessandra Oliveira, como atividade do grupo de pesquisa Jucom.

ABRAMO, Helena Wendel. Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo: Scritta, 1994.
ABRAMO, Helena Wendel. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, nº 5: 25-36. São Paulo, ANPED, 1997.
ADOLESCENTES E JOVENS DO BRASIL. Brasília: UNICEF/ Instituto Ayrton Senna/Fundação Itaú Social, 2007.
ARAÚJO, A. O. Narrativas fotográficas de três jovens comunicadores. In: Ercília Maria Braga de Olinda. (Org.). Artes do Sentir: trajetória de vida e formação. 1ed.Fotaleza: Edições UFC, 2012.
ARAÚJO, A. O. Trajetórias Juvenis e Narrativas de Vida nas "Ondas do Rádio".. In: Ercília Maria Braga de Olinda. (Org.). Artes do Fazer: trajetórias de vida e formação. 1ed.Fortaleza: Edições UFC, 2010.
ARAÚJO, Alessandra Oliveira ; OLINDA . Ateliê Biográfico Musical: a Narração como experiência Formadora para Jovens Comunicadores. In: OLINDA, Ercília Maria Braga de. (Org.). Artes do Fazer: Trajetórias de Vida e Formação. Fortaleza: Edições UFC, 2010.
ARAÚJO, A. O. Trajetórias juvenis nas ondas da rádio-escola. Dissertação de mestrado. UFC, 2008.
BEDOIAN, Graziela; MENEZES, Kátia. Por trás dos muros: horizontes sociais do graffiti. São Paulo: Peirópolis, 2008.
BORELLI, S. H. S. (Org.) ; Alvarado, S. V. (Org.) ; VOMMARO, P. (Org.) . Jóvenes, Políticas y Culturas: experiencias, acercamientos y diversidades. 1. ed. Buenos Aires: CLACSO/Homo Sapiens, 2012.
BORELLI, S. H. S. OLIVEIRA, R. C. A. ROCHA, R. L. DE M. ; SILVA, G. ; COSTA, J. ; SOARES, R. DE L. ; SILVA, E. S. . Jovens na cena metropolitana: percepções, narrativas e modos de comunicação. 1a. ed. São Paulo: Paulinas, 2009.
BORELLI, Silvia H.; FILHO, João Freire. Culturas juvenis no século XXI. São Paulo: EDUC, 2008.
BORELLI, S. H. S. OLIVEIRA, R. C. A. . Vida na metrópole: comunicação visual e intervenções juvenis em São Paulo. In: Angela F. Prysthon; Paulo Cunha. (Org.). Ecos urbanos: a cidade e suas articulações midiáticas. 1ed.Porto Alegre: Sulina, 2008
DAMASCENO, Maria Nobre. Trajetórias da juventude: caminhos, encruzilhadas, sonhos e expectativas. In: DAMASCENO, Maria Nobre; MATOS, Kelma Socorro Lopes; VASCONCELOS, José Gerardo (org.). Trajetórias da juventude. Fortaleza: LCR, 2001.
DANZIATO, Octávia de Carvalho Martin. ONG´s e a prática social com adolescentes: demarcações históricas e discursivas. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 1998.
DAYRELL, Juarez; MOREIRA, Maria Ignez Costa e STENGEL, Márcia. (Org.). Juventudes contemporâneas: um mosaico de possibilidades. 1ed.Belo Horizonte: PUC Minas, 2010.
DAYRELL, Juarez. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
DIÓGENES, G. M. S. ; SA, L. D. . Segurança Pública e Juventude: ressonâncias e dissonâncias. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Petrópolis, 2011.
DIÓGENES, G. M. S. . Cartografias Da Cultura e da Violência: gangues, galeras e o movimento hip hop. 2ª. ed. São Paulo: Annablume, 2008.
FABRA, Jordi Sierra I; tradução de Claudia Schilling. O jovem Lennon. São Paulo: Editora Nova Alexandria, 1995.
GROPPO. Luis Antonio. Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2000.
GUMES, Nadja Vladi Cardoso. RG Jovem: culturas juvenis e a formação das identidades da juventude. Intercom, 2003.
MELUCCI, Alberto. Juventude, tempo e movimentos sociais. Revista Brasileira de Educação. n.5 mai/jun/jul/ago, 1997, p. 05-14.
OLINDA . Tornar-se Educador(a) de Jovens em Conflito com a Lei: a Experiência de Enfrentar a Vulnerabilidade Social sem uma Educação em Direitos Human. In: EGGERT, Edla; FISCCHER, Beatriz Daudt. (Org.). Tornar-se Educador(a) de Jovens em Conflito com a Lei: a Experiência de Enfrentar a Vulnerabilidade Social sem uma Educação em Direitos Human. 02ed.Fortaleza: Edições UFC, 2012.
PAIS, J. Machado; BLASS, Leila Maria da Silva (org.).Tribos urbanas: produção artística e identidades. São Paulo: Annablume, 2004.
PAIS, J. Machado. Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1996.
SALES, Celecina de Maria Veras. Juventude, espaços de formação e modos de vida. Revista EDT- Educação Temática Digital, Campinas, v. 12, n.esp. p. 24-41, set. 2010.
SALES, C. M. V. . Juventude e Cultura: narradores anônimos de um lugar comum. In: PIZZI, Laura C. Vieira; FUMES, Neiza de L. Frederico. (Org.). Formação do Pesquisador em Educação: identidade, diversidade, inclusão e juventude. 1ed.Maceió: UFAL, 2007.
SOUZA, Jusamara; FIALHO, Vânia Malagutti; ARALDI, Juciane. Hip hop: da rua para a escola. Porto Alegre: Sulina, 2005.
SPOSITO, Marília Pontes. Estudo sobre juventude em educação. Revista Brasileira de Educação, nº 5: 37-52. São Paulo, ANPED, 1997.
SPOSITO, Marília Pontes. Os jovens no Brasil: desigualdades multiplicadas e novas demandas políticas. São Paulo: Ação Educativa, 2003.


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Introdução à Cultura Visual (cap.3)


CAMPOS, Ricardo. Introdução à Cultura Visual: abordagens e metodologias em ciências sociais. Mundos Sociais: Lisboa, 2013.

Cap. 3 Cultura visual

O capítulo discute a formação de uma cultura visual e de como a imagem e a visão constituem-se, no presente, importantes alicerces para a forma como nos comunicamos. Entre os estudiosos das Ciências Sociais em Portugal, esse advento da importância da imagem e da visão é intitulada de “viragem cultural”.

Para o autor, existem três concepções para cultura visual que serão apresentadas ao longo do capítulo:

A primeira diz que “Por uma cultura visual podemos entender uma área de investigação relativamente recente, forjada a partir de uma grande amplitude de contributos disciplinares e agendas acadêmicas” (p.51).
“Apesar desta dispersão de abordagens, Rose (2001) salienta alguns pontos de convergência: uma insistência no fato de as imagens produzirem efeitos (pois são elementos poderosos); uma atenção particular ao modo como as desigualdades e diferenças sociais são transportadas e reproduzidas via imagem; uma preocupação essencial, embora não exclusiva, com os 'modos de olhar' social e culturalmente contextualizados; uma ênfase na centralidade das imagens visuais nas formações culturais mais amplas; a importância crescente da audiência enquanto agente produtor de significado” (p.51).

“A noção de cultura visual, numa segunda versão, endereça para uma arena específica de realizações humanas, nomeadamente para o universo formado pelas linguagens e bens de natureza visual” (p.51 e 52) ou seja, um campo específico da linguagem visual, dos códigos e formas de comunicação e compartilhamento de conteúdos visuais, que são influenciados pelo contexto social.

“Por último, a cultura visual é, recorrentemente, invocada para adjetivar uma condição civilizacional tida como intensamente imersa no reino da imagem” (p.52), ou seja, uma característica de uma sociedade voltada para a imagem, como nos falava Walter Benjamin em “A pequena história da fotografia”.

“Sugiro, então, que consideremos os estudos visuais (ou área disciplinar de cultura visual) como território de investigação; a cultura visual como um universo singular alojado num universo cultural mais vasto, constituindo-se como um objeto de estudo suscetível de exploração; e, por último, cultura visualista como qualitativo” (p.52).

Abro aqui uma reflexão em torno da divisão feita pelo autor: as três concepções não estariam relacionadas? Como diferenciar a caraterística de estamos vivendo numa sociedade permeada por imagens, com os usos sociais e coletivos de apropriação e ressiginicação das imagens e com o campo de instigação?

Tendo em vista que a segunda concepção é a compreendida pelo autor como a única que deve ser nomeada de cultura visual, Eduardo Campos faz uma definição mais detalhada do conceito: “A cultura visual é, em primeiro lugar, um 'repositório visual' relacionado com contextos coletivos particulares, onde linguagens e signos visuais são elaborados e trocados. É, em segundo lugar, um 'modo de produzir, apreender e descodificar visualmente a realidade', tendo em consideração a natureza social e psicossocial da percepção, da codificação e da representação visual. Por último, é um 'sistema' composto por um 'aparato tecnológico, político, simbólico e económico', enquadrado num horizonte sociocultural e histórico mais amplo, com o qual convive, que ajuda a moldar, tal como é por este configurado” (p.53).

A definição acima mostra como a cultura visual passa por todas as três concepções, mas também coloco em questão a forma como o autor trabalha a imagem como uma representação da “realidade”. Primeiro, não é possível atingirmos a suposta realidade, como diz Latour (Reagregando o Social), pois a imagem da coisa não é a sua representação, já é outra coisa, outro corpo. Avalio ser este o grande problema do livro em questão. Toda a concepção de imagem está baseada na ideia de que ela é uma mimese do objeto “real”, sendo que, ao produzirmos uma imagem, estamos criando um outro objeto, que possui uma relação com o outro que quis representar, mas isto não quer dizer que ele consegue fazer uma representação. Na imagem temos o sujeito que produz, sua visão de mundo, suas experiências e temos o sujeito que olha e incorpora a imagem também em sua experiência, sua projeção de futuro e temos ainda a própria imagem que se relaciona com as outras e com objetos não humanos. Tudo isto, segundo a Teoria Ator-Rede trabalhada por Latour, forma uma rede complexa, com inúmeras possibilidades que tornam inviável pensarmos numa imagem como uma simples representação de algo.

Acredito, entretanto, que Ricardo Campos avança ao falar que “poderíamos, por hipótese, considerar a existência, num mesmo recorte sociocultural, de uma cultura visual hegemónica convivendo com diversas micro ou subculturas visuais representando propostas estéticas ou ideológicas alternativas, formas singulares, não necessariamente antagonistas, de olhar e retratar visualmente o mundo” (p.54).

Sobre a cultura visualista o autor fala: “As imagens e os objetos com vocação visual, alojados em cartazes publicitários, turísticos ou políticos, na televisão e no cinema, nos monitores de computador, nos transportes públicos ou na imprensa, inundam o nosso ecossistema comunicacional” (p.54 e 55).

Sobre a tecnologia o autor afirma: “a partir das reflexões de Arendt acerca do que esta denominou a condição humana, argumenta que o fausto tecnológico deriva da desmedida ambição de transcender continuamente os limites que nos são impostos pela nossa humanidade” (p. 56 e 57), ou seja, a tecnologia como uma extensão das nossas capacidades sensoriais.

“Engenhos como o telescópio, a máquina fotográfica ou o vídeo dão origem a novos processos sociais, científicos e culturais, fundam novas linguagens e vias de comunicação” (p.57). Podemos relacionar estas novas formas de perceber o mundo com o Benjamin chama de “inconsciente ótico” que é a possibilidade de vermos algo que só é possível por meio da fotografia, pois ela ilumina os pormenores.

Depois o autor vai falar da possibilidade de onipresença por meio das imagens, pois podemos ter acesso a contextos diversos e que isto colocaria o indivíduo no “reino do simulacro e da virtualidade”. Discordo aqui da concepção de virtual como o sinônimo de “simulacro”, pois, como argumentei acima, a imagem não seria a representação de uma coisa, ela já é outra coisa, não podendo a imagem ser um simulacro, mas outra criação, o virtual, neste caso, existe em outra esfera, não como representação, mas como uma outra “realidade”.

O autor ainda discute a importância dos “média velhos e novos”, falando sobre a grande quantidade de disseminação de conteúdos e a possibilidade de produção de conteúdos por todos a partir do advento da internet.

Como consequência disso o autor fala: “O conceito de competência visual, de acordo com Muller, decorre da necessidade de pensar novas aptidões que resultam de uma série de metamorfoses de natureza comunicacional, das quais a autora ressalta: uma dispersão global de bens visuais; um incremento da produção visual de natureza amadora; uma crescente descontextualização dos bens visuais por via da globalização. Por conseguinte, tudo nos leva a crer que as novas gerações desenvolvem especiais destrezas de ordem cognitiva, técnica e simbólica, de modo a responderem a um campo visual em permanente e rápida maturação” (p.63 e 64).

Sobre a globalização e sua relação com as imagens o autor resume: “Se, por um lado, estamos todos um pouco mais próximos, partilhamos de forma mais ou menos intensa de um 'património global', também é verdade que no interior das fronteiras que percorremos a riqueza das composições sociais, demográficas e étnicas continua bem viva” (p.70). Sobre como o global pode gerar um reforço do local ver Canclini (Culturas Híbridas) e Hall (Identidade Cultural na Pós-Modernidade).

Sobre o consumo o autor afirma: “O poder das imagens e dos códigos visuais é assumido como um fator vital na transmissão das mensagens e no estímulo ao consumo” (p.73 e 74).

Ainda sobre o consumo, o autor fala da rápida obsolescência dos produtos, da relação lúdica que possuímos com os objetos, decorrente dos símbolos que eles “representam” e da dimensão identitária do consumo.

Sobre o corpo e a moda o autor diz: “A visualidade é mobilizada pelas pessoas com o intuito, primeiro ou acessório, de comunicar algo sobre si, sobre aquilo que são (enquanto pessoas singulares ou membros de um conjunto cultural mais vasto)” (p.76).

“O ‘corpo-signo’ é consumido em imagens imaginários e produtos disponíveis no mercado. Torna-se um alvo de investimento e engenharia, paradigma de uma nova realidade que confere ao indivíduo liberdade para moldar o seu ‘eu’ físico e psicológico, de acordo com aquilo que o mercado oferece e com os devaneios mais peculiares” (p.77).

Sobre essa capacidade de “moldar” o corpo com liberdade, primeiro devemos questionar o próprio termo “liberdade”, como faz Baudrillard ao falar que a publicidade atua como a estética que suaviza a estrutura da sociedade de consumo. Para ele, não somos livres para ser, mas para consumir. Segundo, o corpo não pode ser visto como uma armadura oca, como a do Agilulfo em “O cavaleiro inexistente”, de ítalo Calvino. Em “A pele que habito”, Almodóvar faz uma interessante discussão sobre o corpo como algo mais complexo e mesmo “moldado”, não conseguimos escapar de um outro corpo que continua existindo por baixo da pele.


Ainda sobre o corpo, o autor conclui: “Quer nas sociedades ditas tradicionais, quer nas sociedades urbanas contemporâneas, o modo como o corpo é ornado tem sido observado como um elemento fundamental na forma como as comunidades se expressam simbolicamente e revelam afinidades grupais, de natureza étnica, cultural ou social” (p.78).

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Muros que falam

Painel do artista urbano Grud coberto por propaganda política. Imagem disponível no perfil do artista no Facebook.
Pesquisadora: Alessandra Oliveira
Orientadora: Ercília Braga
Banca de qualificação: Cavalcante Júnior e Glória Diógenes

A pesquisa de doutorado Muros que Falam está ligada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFC, teve início em 2013 e consiste em investigar o graffiti e a cidade de Fortaleza sob três dimensões, descritas a seguir:

A primeira dimensão consiste em pesquisar se os artistas urbanos usam o graffiti para biografar-se e se o graffiti pode se percebido como uma experiência formadora. Para isto, vou trabalhar com a abordagem metodológica da pesquisa (auto)biográfica, respaldada em autores como Josso (2004), Ferrarotti (1988) e Dolory-Momberger (2008). Usarei o procedimento de pesquisa intitulado entrevista narrativa, com base em Jovchelovitch e Bauer (2005), com artistas urbanos da cidade de Fortaleza.

A segunda dimensão desse trabalho será a pesquisa de campo, com o objetivo de perceber como os graffitis são incorporados na dinâmica da cidade. Nesta etapa, serão escolhidos três pontos da cidade em que existem painéis dos grafiteiros pesquisados e será feita uma pesquisa etnográfica que irá observar, durante um semestre, as alterações nos painéis e a relação dos transeuntes com os graffitis. Interessa aqui fazer uma discussão sobre a cidade como campo comunicacional, tomando como referência autores como Campos (2010) e Samain (2012), onde histórias se intercruzam e formam uma narrativa urbana.

A terceira dimensão da pesquisa é perceber como as produções dos grafiteiros analisados encontram desdobramentos na internet, criando conexões com outros artistas urbanos de outras cidades, complexificando as tramas que envolvem a produção do graffiti, e como o ciberespaço pode servir como prolongamento do tempo de vida das obras urbanas. Aqui a questão da narrativa no espaço virtual, como os grafiteiros usam as redes sociais para biografar-se e como o ciberespaço amplia as redes de conexão, assim como explica a teoria do ator-rede, serão investigados com base em autores como Latour (2012). 


Referências
CAMPOS, Ricardo. Porque Pintamos a Cidade? Uma Abordagem Etnográfica ao Graffiti Urbano. Lisboa: Fim de Século, 2010.
DELORY-MOMBERGER, Christine. Tradução de Maria da Conceição Passeggi, João Gomes da Silva Neto, Luis Passeggi. Biografia e educação: figuras do indivíduo-projeto. Natal: EDUFRN, São Paulo: PAULUS, 2008.
FERRAROTTI, Franco. Sobre a autonomia do método biográfico. In: NÓVOA, António; FINGER, Matthias (Org.) O método (auto)biográfico e a formação: Cadernos de Formação, n. 1, 1988.
JOSSO, Marie-Christine; tradução José Cláudio e Júlia Ferreira. Experiência de Vida e Formação. São Paulo: Cortez, 2004.
JOVCHELOVITCH, Sandra.; BAUER, Martin W.. Entrevista narrativa. In: BAUER, M. W. GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Tradução: Pedrinho Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. EDUFBA, Salvador, 2012.
SAMAIN, Etienne. (org.) Como pensam as imagens. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2012.

sábado, 20 de setembro de 2014

Grupo de pesquisa Jucom

Membros do Jucom em palestra com o autor Ricardo Campos (sentado).

O grupo de pesquisa em Juventude e Comunicação, Jucom, foi criado em abril de 2010, é formado por professores e estudantes de Comunicação Social e aborda temáticas referentes à juventude, comunicação e cidade. Os estudos desenvolvidos versam sobre as experiências de jovens comunicadores e as relações que possuem com a cidade como campo de intervenção e sociabilidade.

Semanalmente, o grupo de pesquisa Jucom tem encontros para a discussão de textos, coleta de novas fontes de estudo, análise de vídeos e participação em palestras e encontros científicos com o objetivo de aprofundar a compreensão de suas categorias de pesquisa. Além disso, são planejadas ações que possam concretizar-se futuramente e pesquisas de campo.

Os estudos e a pesquisa de campo do Jucom estão integrados à minha pesquisa de doutoramento e, assim, suas ações também serão descritas aqui. É importante ressaltar que os resultados provenientes do Jucom são de autoria de todos os membros do grupo citados a seguir:

- Alessandra Oliveira (coordenadora)
- Tarcísio Bezerra (professor participante)
- Fernanda Cavalli (bolsista de graduação)
- Virna Senh (aluna participante)
- Renné Barros (graduado participante)